Há muito que não aparecia aqui. Embora tenha imensas ideias para publicações (o carrinho da zippy que comprámos, a ida à feira do livro, o novo champô da pipoca e mais umas divagações), o tempo tem sido muito, muito pouco.

Mas este fim-de-semana deparei-me com o texto da Lúci Lima, mãe de dois filhos. E é tão, mas tão bom que não podia deixar de partilhar. Pais que pensam ter um segundo filho ou que já têm 2 ou 10 filhos devem lê-lo. Bolas, todos devem lê-lo.

“A morte da mãe que ainda vive

Eu imaginava que ser mãe de dois me traria alguns desafios, que precisaria me reinventar e que surgiria uma nova mulher com a segunda maternidade.
Só não imaginava que esse processo seria percebido tão intensamente pelo meu primogênito.
Durante a minha segunda gestação fiz como manda o figurino, muita conversa com meu filho, visitas ao terapeuta, envolvi ele em todo processo que incluía decoração do quarto, ecografias …. eu o preparei para ser irmão mais velho , eu só esqueci de prepará-lo para não ser mais o senhor de minha atenção.
Em meio ao puerpério , envolvida na fragilidade que o momento pedia ,fui pega de surpresa ao ouvir meu filho gritar em alto e bom som, me revelando aquilo que eu temia encarar:

A minha mãe de antes morreu, e eu quero ela de volta.

Como uma flecha as palavras dele atingiram meu coração, estava eu diante de um ser tão pequeno e frágil, chamando minha atenção para me algo que eu mesma não queria reconhecer, o luto da mãe que eu já fui.
A única atitude que tive na hora foi abraçar meu filho e chorar pedindo perdão , estava frágil, não conseguir reverter a situação imediatamente… nem sempre conseguimos, não é mesmo?
Passado aquele momento, fui para meu quarto, ajoelhei e chorei o luto que eu não queria reconhecer em mim, me senti perdida, só e com medo. Pedi a Deus sabedoria, supliquei que me ajudasse a mostrar ao meu filho o tanto que o amava e que a nova mãe poderia ser melhor que a mãe que ele conhecia. Mesmo que eu naquele instante não acreditasse tanto assim, eu precisava tentar.
Não toquei mais no assunto esperando que ele trouxesse isso à tona, eu sabia que ele o faria, não tínhamos resolvido aquele assunto.
E o dia chegou .
Diante de uma situação de estresse, em que precisei corrigi-lo e ao mesmo tempo dar atenção à neném, ele explodiu : a minha mãe de antes morreu , ela tinha todo tempo pra mim e eu quero ela de volta.
Pronto, era só o que eu precisava.
Coloquei a pequena no berço , me abaixei diante do meu filho e disse : tem horas que eu também quero o meu filho de volta , porque acho que ele morreu.
Ele arregalou os olhos, e eu continuei: no dia que aquela mãe que você conheceu morreu, o filho que eu também conhecia morreu.

Precisei usar a mesma metáfora que ele estava usando para chamar sua atenção.

Mas podemos fazer um acordo, eu prometo que serei uma mãe ainda melhor para você , que vou te dar a atenção que você merece se você me prometer que vai voltar a ser filho que eu conheço, e me ajudar a viver essa nova fase, porque filho, assim como para você está sendo difícil dividir a mamãe , para mim está sendo muito difícil me dividir também. Você me ajuda?
Ele pulou no meu pescoço e me apertou tanto que me deixou sem ar e disse : eu prometo te ajudar, mamãe.
E cá estamos nós , nos redescobrindo nessa nova fase da vida. A cada dia descubro um pouco mais de mim e dele.
E hoje, ele entende que o que naquele momento parecia uma perda irreparável, era na verdade a transformação da nossa família. E cá entre nós , estamos bem mais felizes.
Sigo, ora confiante, ora com medo, mas entendi que a vida muda, se transforma, e muitas vezes é necessário a “morte” de antigos modelos e padrões para que o novo venha, e ele pode ser ainda melhor.
Cheia de erros e alguns acertos vou vivendo a maternidade , com apenas a certeza do amor incondicional pelos meus filhos e a vontade de fazer o meu melhor para que eles se tornem inteiros para viverem a vida deles , nem que para isso eu morra e reviva quantas vezes forem necessário.”

Texto publicado com a devida autorização da autora.
Imagem retirada do instagram da autora, que acompanha o mesmo texto.

 

A morte da mãe que ainda vive Eu imaginava que ser mãe de dois me traria alguns desafios, que precisaria me reinventar e que surgiria uma nova mulher com a segunda maternidade. Só não imaginava que esse processo seria percebido tão intensamente pelo meu primogênito. Durante a minha segunda gestação fiz como manda o figurino, muita conversa com meu filho, visitas ao terapeuta,  envolvi ele em todo processo que incluía decoração do quarto, ecografias …. eu o preparei para ser irmão mais velho , eu só esqueci de prepará-lo para não ser mais o senhor de minha atenção. Em meio ao puerpério , envolvida na  fragilidade que o momento pedia ,fui pega de surpresa ao ouvir  meu filho gritar em alto e bom som , me revelando aquilo que eu temia encarar: A minha mãe de antes morreu, e eu quero ela de volta. Como uma flecha as palavras dele atingiram meu coração, estava eu diante de um ser tão pequeno e frágil, chamando minha atenção para  me algo que eu mesma não queria reconhecer, o luto da mãe que eu já fui. A única atitude que tive na hora foi abraçar meu filho e chorar pedindo perdão , estava frágil, não conseguir reverter a situação imediatamente … nem sempre conseguimos, não é mesmo? Passado aquele momento , fui para meu quarto, ajoelhei e chorei o luto que eu  não queria reconhecer em mim, me senti perdida, só e  com medo. Pedi a Deus sabedoria , supliquei que me ajudasse a mostrar ao meu filho o tanto que o amava e que a  nova mãe  poderia ser melhor que a mãe que ele conhecia. Mesmo que eu naquele instante não acreditasse tanto assim, eu precisava tentar. Não toquei mais no assunto esperando que ele trouxesse isso à tona , eu sabia que ele o faria,não tínhamos resolvido aquele assunto. E o dia chegou . Diante de uma situação de estresse, em que precisei corrigi-lo e ao mesmo tempo dar atenção a neném, ele explodiu : a minha mãe de antes morreu , ela tinha todo tempo pra mim e eu quero ela de volta. Pronto, era só o que eu precisava. Continua nos comentários: 👇 #maternidade #maededois #maternidadereal #familia #maedemenino #maedemenina #maereal #maternidadecomamor #dicasparamae #amor

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