A escolha da chupeta, como outras escolhas relativas aos nossos filhos devem ser pessoais. De todas as vezes que os meus clientes me colocavam a questão, eu limitava-me a expor os benefícios, as coisas menos boas e, claro, dava a minha opinião, porque eles ma pediam. Depois mostrava-lhes uma infinidade de marcas e formas e materiais. O mercado abusa na oferta e as pessoas adoram ter as novidades!

Vantagens e desvantagens

Contam como vantagens a diminuição da tensão e stress do bebé, e uma melhoria dos ritmos de sono como consequência directa. A chupeta é um pacificador, reconforta os pequenos mais inquietos, e melhora claramente a vida dos pais!
Como inconvenientes estão as otites mais frequentes e o facto de desfavorecer o aleitamento materno, que a meu ver está no topo da lista das necessidades dos filhos, portanto há que ter um especial cuidado para não promover esta substituição! Há quem lhe atribua também alguma responsabilidade na deformação do palato, mas a verdade é que a chupeta é tão nefasta como o polegar. Os bebés têm uma necessidade fisiológica de sucção, porque lhes dá a sensação de relaxamento (devido à endorfina que se liberta) e se não tiverem a chupeta, podem vir a faze-lo no polegar, ou mesmo num peluche…

Portanto, se o seu bebé chora inconsolável, porque não dar-lhe uma chupeta? Claro que, como em tudo, é preciso usar o bom senso, e dar- lhe essa possibilidade apenas se necessário for, e não fazer disso um “tapa buracos” ou um hábito ao primeiro sinal de agitação.

No momento da escolha, o que conta?

A chupeta é um elemento estranho na boca do bebé, e isto é incontornável, portanto no momento de escolher há que seleccionar aquelas mais ergonómicas, para que a longo termo não deforme realmente o palato (como o faria o polegar), a mandíbula e as fossas nasais.

Uma das minhas marcas favoritas é a MAM, porque lançaram uma chupeta, a Perfect, que é mais maleável e mais fina que as outras, reduzindo portanto os riscos atrás descritos.
Mas há outras marcas que tentam ir de encontro às necessidades dos pais mais preocupados com os filhos, como por exemplo a Avent, a Medela, Chicco, BiBi e muitas outras. No momento de escolher, há que pensar na consistência e no tamanho da tetina, que se deve ir adaptando ao crescimento da criança. O material, latex ou silicone, também varia, embora hoje o latex não seja já muito usado, por ser um material mais toxico.

Importante também é comprarem uma marca e um modelo e ficarem por aí, ou seja, não trocar porque saiu uma chupeta nova que dá música luzes ao mesmo tempo. Normalmente o bebé escolhe uma chupeta por uma determinada razão, e trocar será regressar à estaca zero. E comecem por comprar uma, no máximo duas, pois ter uma gaveta cheia delas não é muito aconselhável, ficam cheias de germes e corre o risco do seu bebé tropeçar nelas.

Mais uma vez, e de acordo com a minha experiência como profissional e como mãe, a chupeta pode ser usada, sim, como meio de reconforto para o bebé, mas nunca deve ser excessivamente valorizada, já que a criança deve aprender desde cedo a reconfortar-se sem recorrer a objectos externos. Além disso, nada substitui o mimo da mãe e do pai, que pode muito bem funcionar melhor quando é preciso acalmar.

Em resumo…

Para os pais desesperados, porque o seu bebé não pára de chorar (como o meu), saibam que há mil e uma opções para tentar acalmar esse pequeno ser, que acabou de sair de dentro de um espaço exíguo, onde se sentia protegido de todas as agressões externas de que agora é alvo. Para já, e antes de tudo, o contacto directo com a mãe e com o pai, pele com pele, é muito importante e a ser promovido. O mimo e a voz, o ninar… Tudo isto é tão ou mais importante do que uma chupeta.

Na minha opinião, a chupeta não é um objecto “infernal e maléfico”, que vá fazer mal ao bebé, mas também não deve ser usado como tábua de salvação pelos papás exaustos. É o que é, um objecto a recorrer em SOS.

 

Rute Alexandra Palmeirão Silva

Rute Alexandra Palmeirão Silva

Sobre a autora deste artigo: Mãe que um rapaz. Arqueóloga de formação, trabalhou quase 7 anos em lojas de puericultura, onde investigava sobre todos os produtos e marcas do mercado e o que realmente funcionava e o que não.