Já sentiste que a escola onde o teu filho/filha anda não é o sítio certo? Aquela sensação que vem do instinto e que nos faz ficar alerta?

Mudámos a Pipoca de escola ao fim de 1 ano, como referi na publicação sobre o directo que acontecerá hoje. Na altura ela tinha 4 anos.

O início tinha sido atribulado e quando tudo estava mais estável considerávamos esta hipotese – porquê?! Porque o nosso instinto nos dizia que podia ser melhor. Que DEVIA ser melhor.

A escola antiga

A Pipoca está sempre em modo velocidade hipersónica de produção de ideias, maior do que a sua capacidade de concretizaço. É miúda de ar livre, de cantar o tempo todo, de inventar brincadeiras com tudo – seja uma migalha ou um penedo.

Acontece que começámos a notar que na escola dela era pouco assim. Estava bem, gostava da educadora (que era amorosa). Mas parecia que “a” Pipoca ficava fechada numa caixinha para dar lugar a uma versão “lite”. E quando chegava a casa parecia um espectáculo pirotécnico a acontecer todo de uma vez só.

As primeiras semanas foram complicadas. Em parte por causa de um episódio em que foi agredida do nada por outra criança mais nova (tema para outra publicação). Tal fê-la ficar com dificuldade em fazer amigos. Mas uma boa parte não estava realmente relacionada com isso, mas com a dinâmica da escola em si.

O tempo foi passando e aquela “moinha” que o instinto nos provoca quando algo não bate certo foi aumentando. Com o tempo a Pipoca foi deixando sair algumas coisas que mexiam com ela. As educadoras apenas diziam que ela era absolutamente exemplar e que gostavam que fossem todos assim. Que cumpria rigorosamente tudo o que lhe pediam. E isso, entre outras coisas, para nós revelava algo mais.

O que mexeu connosco

Aquela escola, o modo como funcionava simplesmente não era o certo para ela. Ela estava “bem” mas não estava feliz! Ela não era ela! Aliás, com o tempo – mesmo tendo feito todas as perguntas, tendo conhecido o espaço antecipadamente, etc. – percebemos que também não o era para nós.

  • Havia pouco envolvimento com os pais
  • o reduzido espaço exterior e tudo o que se fazia era muito controlado para que ninguém se magoasse
  • as actividades fora da escola eram muito poucas
  • quando uma criança tinha um momento “mau” era mandada para a sala dos bebés – porque se estava a comportar como um
  • Quando a Pipoca demorava mais a comer (ela, tal como eu e o pai éramos, come pouco) havia comentários para todos ouvirem do género “hoje não estás a ser uma menina bonita!”

etc.

A pergunta martelava-nos: “Há mesmo algum sítio melhor ou somos nós que estamos a ser demasiado exigentes?”

Como lidou ela com a mudança

Decidimos ir conhecer outra escola. A Pipoca, que é a versão humana da lei da inércia (quer manter-se sempre onde está) disse que não queria.

“Lembras-te do que aconteceu com a farófa? Quando te perguntei se gostavas disseste que não e nem sequer provaste. O que aconteceu assim que provaste?”
“Comi tudo!”
“Exactamente. E se esta escola nova for uma farofa?”

Foi. Não foi preciso muito tempo para ela decidir que era para ali que queria ir. Aliás, poucos minutos passaram até ela me largar e ir brincar, delirar com a ideia de subir a árvores, enfim, sentir-se em casa. Era ali o lugar dela.

A outra escola talvez fosse a ideal para outras crianças. Temos necessidades diferentes. Mas se nós, adultos, também queremos mudar (de casa, de emprego, de relação) quando não estamos bem, não faria menos sentido considerar também uma grande mudança para a Pipoca.

A grande diferença

Foi o melhor que podiamos ter feito. Passou a ser visivelmente feliz e participativa. A evolução que lhe vemos é gritante.

Ali não é (só) trabalho, é mesmo uma família. Conhecem os detalhes de cada um. E faz tanto sentido! Os nossos corações estão agora tranquilos. Era isto que ela merecia.

Nesta fase, apesar de todos os constrangimentos, reinventaram-se. Foram incansáveis no acompanhamento às crianças durante a quarentena. Nesta nova fase há máscaras transparentes para que as crianças vejam os sorrisos, melhoraram ainda mais o espaço exterior, há uma quinta pedagógica a nascer! A proximidade é imensa, mesmo com o distanciamento. E o grupo de pais é também muito acolhedor e participativo. Mudámos a Pipoca de escola ao fim de 1 ano e agora ela é feliz.

O papel da escola

A escola tem um enorme impacto na vida das crianças. Não é nem nunca foi uma mera questão de adaptação das crianças. Ter o seu bem estar físico, emocional e mental assegurado, assim como o respeito pelo seu ritmo e desenvolvimento faz TODA a diferença. E por isso hoje, mais do que nunca, é importante que as escolas se adaptem, pensem fora da caixa, experimentem novas soluções, sejam criativas! Para que as crianças continuem a poder SER, para que cresçam felizes.